quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Estado

Estar sozinho não é estar em total isolamento da alma. Estar sozinho é estar acompanhado de você mesmo. É saber que você tem muito para se conhecer, que é necessário se perder para se encontrar. Ninguém gosta de ficar sozinho. Ninguém. O prazer em se estar só é, na realidade, o prazer em se estar sozinho momentaneamente. É saber que podemos subir os muros por alguns instantes e ouvir as vozes que gritam dentro de nós mesmos. É saber conversar com elas, até que se acalmem e durmam novamente. Mais do que saber do que gostamos, é saber do que não gostamos. É saber que nada é perfeito e que buscar a completude é inútil e cansativo.

Estar sozinho não é estar em estado contemplativo da tristeza. Não é depressivo, não é melancólico. Estar sozinho é saber que você dá passos no ritmo que você achar mais conveniente. É saber que as duas pernas são suas e que as pegadas deixadas pelo caminho serão reflexo de suas escolhas.

Estar sozinho não é estar em desespero. Não é querer alguém. Não é a busca por algo que te falta, pois, estar sozinho não é estar sem algo. Estar sozinho não é estar metade, é estar inteiro. Ninguém pode nos completar, ao contrário do que se pensa,o que há, na realidade, é uma troca. Almas que se amam não se completam, elas estabelecem entre si uma relação mútua, uma simbiose de tudo o que somos e tudo o que buscamos ser.

Estar sozinho é estar bem, ou estar mal, ou estar em um estado que não sabemos muito bem qual seja. É estar a gente. É ser o ser que somos verdadeiramente. É responder perguntas que nós nunca havíamos nos feito. É um estado de doação total a, ninguém menos, do que nós mesmos.

Estou sozinha.





Nenhum comentário: